A cidade de Ho Chi Minh foi minha primeira parada depois de entrar no Vietnã. A cidade, outrora chamada de Saigon, foi a capital do Vietnã do Sul e teve seu nome mudado quando a guerra acabou e o país foi reunificado.
Cheguei lá na hora do rush e fiquei impressionado com o número de motocicletas. Eu tinha ouvido falar sobre as motocicletas, mas como já tinha visto muitas na Índia, Tailândia e Camboja pensei que não seria muito diferente, mas eu estava errado!
Aquilo era um mar de motos, elas estavam por toda parte e às centenas. Parando no semáforo, não havia forma de minha bicicleta e eu não chamarmos atenção, éramos um corpo estranho naquele mar.
Ho Chi Minh é a maior cidade do Vietnã, e realmente me surpreendeu já que eu não estava esperando ver uma cidade tão moderna. Lá eu tive uma anfitriã do CouchSurfing. Ela era uma professora de Inglês agora ensinando no Vietnã. Juntos visitamos os túneis de Cu Chi, a rede de túneis usados pelos Viet Congs durante a Guerra do Vietnã, ou como é chamado aqui, a Guerra da América.
Outra pessoa bacana que conheci na cidade foi um jovem vietnamita que segue minha viagem desde o ano passado, quando eu disse que estava vindo para o Vietnã, ele entrou em contato e combinamos de nos encontrar, almoçamos juntos e foi bem bacana. Essa foi a segunda vez que encontrei um amigo virtual durante esta viagem.
Seguindo rumo ao norte eu tinha certeza de que sempre encontraria um lugar para dormir, uma vez que havia muitas igrejas pela estrada, mas não foi o caso. Como o Vietnã ainda é um país comunista, o governo quer sempre manter um olho nos estrangeiros, por isso onde quer que se durma, em um hotel ou casa de um amigo você precisa ser registrado na polícia.
Assim acabei usando meu próprio hotel na maioria das vezes, mas ainda assim tive sorte de encontrar algumas igrejas no caminho que me forneceram um lugar para dormir. Não sei se eles não conheciam as regras ou o desejo de ajudar era maior.
Encontrei muitos viajantes na estrada viajando de motocicleta. Algo muito popular entre os mochileiros no Vietnã é comprar uma motocicleta e dirigir de Ho Chi Minh a capital Hanói, e depois vendê-la por lá.
Também encontrei alguns viajantes de bicicleta. Um dia estava pedalando quando um casal de ciclistas me alcançou. Então pedalamos juntos por algum tempo. O homem perguntou de onde eu era, quando eu disse que era do Brasil ele começou a falar Português e disse: se você quiser podemos falar Português! Uau, que surpresa, encontrar no interior do Vietnã alguém que falava Português.
Perguntei de onde eram e quando ele disse Holanda daí foi a minha vez de surpreendê-lo, comecei a falar holandês e disse: se você quiser também podemos falar holandês! Nós dois rimos. Belos encontros de estrada!
Parei para visitar e descansar em Nha Trang, Hoi An e Hue. Nas grandes cidades não havia chance de ter um lugar para dormir nas igrejas, eles tinham sempre a preocupação com a polícia. Então eu deixava minha bicicleta e as coisas em uma igreja durante o dia e pegava de volta no fim da tarde e ia encontrar um lugar para acampar.
Era impossível não apreciar a paisagem ao longo do caminho, intermináveis campos verdes de plantio de arroz. Em uma oportunidade parei a bicicleta e entrei na plantação, seguindo as pessoas locais que faziam a colheita.
O Vietnã acabou sendo o único país em que não visitei a capital. O meu plano original era pedalar até Hanói, mas como mudei minha rota e decidi que visitaria também o Laos e terminaria na China, acabei pedalando apenas metade do país. De Hue segui para a fronteira e cruzei para o Laos em Lao Bảo.
Cheguei no Laos no terceiro e último dia do festival de Ano Novo Lao, e não pude evitar algumas boas-vindas com água na estrada, as pessoas jogam água umas nas outras como parte da celebração.
Quando entrei no país tive alguns problemas com dinheiro. Eu tinha certeza de que não seria difícil encontrar um lugar para trocar dinheiro depois de cruzar a fronteira, mas diferente de outros países, não havia nenhuma cidade na fronteira, levei dois dias para ver o primeiro ATM e encontrar um banco que pudesse me ajudar.
O Laos é um lugar onde a vida ainda segue muito lenta. Setenta por cento da população vive nas zonas rurais e até mesmo a capital Vientiane mantém alguns traços de cidade pequena. Internet só nas grandes cidades, perguntar em um restaurante se eles tinham Wi-Fi sempre soava como piada.
O país é o mais bombardeado da história. Durante a Guerra do Vietnã, os Estados Unidos lançaram mais bombas no Laos do que todas as bombas lançadas durante a Segunda Guerra Mundial, tendo ainda uma infinidade de artefatos não detonados que de vez em quando vitimam alguém. Isso sempre foi uma preocupação, estava sempre evitando acampar longe da estrada.
Levei mais de uma semana para chegar a Vientiane, enfrentando sempre dias muito quentes.
Em Vientiane tirei tempo para descansar, passear e para minha missão mais importante na cidade: obter meu visto chinês. Eu tinha lido online o quão difícil podia ser para conseguir o visto, e apesar de toda a papelada pedida eles ainda poderiam fazer sua vida difícil se quisessem.
Minha ideia era solicitar o visto em Vientiane e caso fosse negado eu iria de ônibus até Hanoi ou Bangkok e tentaria novamente. Mas, felizmente correu tudo bem. Uma agência de turismo fez pra mim algumas reservas de hotéis e vôos (canceladas depois) e com os papéis que eu tinha fui até a embaixada. Eu não tinha tudo que era pedido na internet, mas o cara verificou os papéis e me deu um formulário para preencher e quando terminei me deu um boleto para pagar. Três dias depois eu tinha meu visto. Simples assim!
Mesmo que a parte norte do Laos seja incrível com uma bela paisagem, eu decidi que não iria enfrentar essa dura área montanhosa. Peguei um ônibus de Vientiane a Luang Nathan, a distância era de cerca de 700 km, mas devido à área montanhosa e as condições ruins da estrada a viagem levou 23 horas.
De Luang Nathan pedalei os últimos 55 km até a fronteira e de Boten atravessei para a China, meu destino final na Ásia e provavelmente minha última parada antes de seguir para casa.
Então China, aqui estamos nós!
Cheguei lá na hora do rush e fiquei impressionado com o número de motocicletas. Eu tinha ouvido falar sobre as motocicletas, mas como já tinha visto muitas na Índia, Tailândia e Camboja pensei que não seria muito diferente, mas eu estava errado!
Aquilo era um mar de motos, elas estavam por toda parte e às centenas. Parando no semáforo, não havia forma de minha bicicleta e eu não chamarmos atenção, éramos um corpo estranho naquele mar.
Ho Chi Minh é a maior cidade do Vietnã, e realmente me surpreendeu já que eu não estava esperando ver uma cidade tão moderna. Lá eu tive uma anfitriã do CouchSurfing. Ela era uma professora de Inglês agora ensinando no Vietnã. Juntos visitamos os túneis de Cu Chi, a rede de túneis usados pelos Viet Congs durante a Guerra do Vietnã, ou como é chamado aqui, a Guerra da América.
Outra pessoa bacana que conheci na cidade foi um jovem vietnamita que segue minha viagem desde o ano passado, quando eu disse que estava vindo para o Vietnã, ele entrou em contato e combinamos de nos encontrar, almoçamos juntos e foi bem bacana. Essa foi a segunda vez que encontrei um amigo virtual durante esta viagem.
Seguindo rumo ao norte eu tinha certeza de que sempre encontraria um lugar para dormir, uma vez que havia muitas igrejas pela estrada, mas não foi o caso. Como o Vietnã ainda é um país comunista, o governo quer sempre manter um olho nos estrangeiros, por isso onde quer que se durma, em um hotel ou casa de um amigo você precisa ser registrado na polícia.
Assim acabei usando meu próprio hotel na maioria das vezes, mas ainda assim tive sorte de encontrar algumas igrejas no caminho que me forneceram um lugar para dormir. Não sei se eles não conheciam as regras ou o desejo de ajudar era maior.
Encontrei muitos viajantes na estrada viajando de motocicleta. Algo muito popular entre os mochileiros no Vietnã é comprar uma motocicleta e dirigir de Ho Chi Minh a capital Hanói, e depois vendê-la por lá.
Também encontrei alguns viajantes de bicicleta. Um dia estava pedalando quando um casal de ciclistas me alcançou. Então pedalamos juntos por algum tempo. O homem perguntou de onde eu era, quando eu disse que era do Brasil ele começou a falar Português e disse: se você quiser podemos falar Português! Uau, que surpresa, encontrar no interior do Vietnã alguém que falava Português.
Perguntei de onde eram e quando ele disse Holanda daí foi a minha vez de surpreendê-lo, comecei a falar holandês e disse: se você quiser também podemos falar holandês! Nós dois rimos. Belos encontros de estrada!
Parei para visitar e descansar em Nha Trang, Hoi An e Hue. Nas grandes cidades não havia chance de ter um lugar para dormir nas igrejas, eles tinham sempre a preocupação com a polícia. Então eu deixava minha bicicleta e as coisas em uma igreja durante o dia e pegava de volta no fim da tarde e ia encontrar um lugar para acampar.
Era impossível não apreciar a paisagem ao longo do caminho, intermináveis campos verdes de plantio de arroz. Em uma oportunidade parei a bicicleta e entrei na plantação, seguindo as pessoas locais que faziam a colheita.
O Vietnã acabou sendo o único país em que não visitei a capital. O meu plano original era pedalar até Hanói, mas como mudei minha rota e decidi que visitaria também o Laos e terminaria na China, acabei pedalando apenas metade do país. De Hue segui para a fronteira e cruzei para o Laos em Lao Bảo.
Cheguei no Laos no terceiro e último dia do festival de Ano Novo Lao, e não pude evitar algumas boas-vindas com água na estrada, as pessoas jogam água umas nas outras como parte da celebração.
Quando entrei no país tive alguns problemas com dinheiro. Eu tinha certeza de que não seria difícil encontrar um lugar para trocar dinheiro depois de cruzar a fronteira, mas diferente de outros países, não havia nenhuma cidade na fronteira, levei dois dias para ver o primeiro ATM e encontrar um banco que pudesse me ajudar.
O Laos é um lugar onde a vida ainda segue muito lenta. Setenta por cento da população vive nas zonas rurais e até mesmo a capital Vientiane mantém alguns traços de cidade pequena. Internet só nas grandes cidades, perguntar em um restaurante se eles tinham Wi-Fi sempre soava como piada.
O país é o mais bombardeado da história. Durante a Guerra do Vietnã, os Estados Unidos lançaram mais bombas no Laos do que todas as bombas lançadas durante a Segunda Guerra Mundial, tendo ainda uma infinidade de artefatos não detonados que de vez em quando vitimam alguém. Isso sempre foi uma preocupação, estava sempre evitando acampar longe da estrada.
Levei mais de uma semana para chegar a Vientiane, enfrentando sempre dias muito quentes.
Em Vientiane tirei tempo para descansar, passear e para minha missão mais importante na cidade: obter meu visto chinês. Eu tinha lido online o quão difícil podia ser para conseguir o visto, e apesar de toda a papelada pedida eles ainda poderiam fazer sua vida difícil se quisessem.
Minha ideia era solicitar o visto em Vientiane e caso fosse negado eu iria de ônibus até Hanoi ou Bangkok e tentaria novamente. Mas, felizmente correu tudo bem. Uma agência de turismo fez pra mim algumas reservas de hotéis e vôos (canceladas depois) e com os papéis que eu tinha fui até a embaixada. Eu não tinha tudo que era pedido na internet, mas o cara verificou os papéis e me deu um formulário para preencher e quando terminei me deu um boleto para pagar. Três dias depois eu tinha meu visto. Simples assim!
Mesmo que a parte norte do Laos seja incrível com uma bela paisagem, eu decidi que não iria enfrentar essa dura área montanhosa. Peguei um ônibus de Vientiane a Luang Nathan, a distância era de cerca de 700 km, mas devido à área montanhosa e as condições ruins da estrada a viagem levou 23 horas.
De Luang Nathan pedalei os últimos 55 km até a fronteira e de Boten atravessei para a China, meu destino final na Ásia e provavelmente minha última parada antes de seguir para casa.
Então China, aqui estamos nós!