Quando saí de Nova Deli para as montanhas, meu plano era pedalar até Daramshala, visitar algum outro lugar na região e voltar a Nova Deli para o Natal, mas esta viagem tem vida própria, de modo que nem sempre as coisas saem como planejado. A trezentos quilômetros de Nova Deli, eu tive um problema com a bicicleta: o aro da roda quebrou e não havia como ser consertado, eu teria que comprar um novo.
Felizmente, no dia anterior, eu tinha deixado a cidade de Chandigarh muito tarde, então estava a apenas 40 km de lá, que era o único lugar em que eu poderia encontrar um novo aro. Se eu não conseguisse encontrar lá, eu teria que voltar para Nova Delhi.
Felizmente havia uma grande loja de bicicletas na cidade e eles salvaram o dia. A bicicleta ainda teria problemas menores nas montanhas, mas contornáveis.
Quando cheguei a Daramshala meus planos já haviam mudado. Demorei muito mais tempo do que eu esperava para chegar lá, devido à área montanhosa, e também o atraso pelo problema com a bicicleta, por isso, estar de volta a Nova Deli para o Natal já não era uma opção, eu teria que pedalar com pressa e não aproveitaria a região como eu gostaria. Então decidi que passaria o tempo que precisasse para apreciar a incrível paisagem e encontraria um lugar para passar o Natal lá.
Deixando Daramshala segui para Chamba, ao lado dos Himalaias. Toda a região tem uma beleza magnífica, e mesmo que às vezes fosse um pouco difícil pedalar nesse tipo de terreno, a incrível paisagem sempre fazia valer a pena.
As pessoas eram sempre muito gentis, e era sempre fácil encontrar um lugar para ficar, mesmo quando minha expectativa era acampar, acabava dormindo em um mosteiro, igreja, escola, templo ou com pessoas locais.
Cheguei a Chamba, na tarde de 24 de Dezembro, e fui direto encontrar a única igreja cristã na cidade, eles estavam ocupados com a preparação de Natal, mas me receberam muito bem. Lá eu tive um Natal muito especial, com pessoas se reunindo em torno de uma grande fogueira à noite e as celebrações da igreja no dia de Natal.
A caminho de Nova Deli Parei em Amritsar , onde passei a véspera de Ano Novo e no dia seguinte foi visitar o Templo Dourado, o lugar mais sagrado para os Sikhs.
De volta a Nova Deli era hora de realmente ser um turista, na minha primeira estadia em Nova Delhi eu estava muito ocupado, lidando com a bicicleta, vistos e outras coisas. Desta vez eu também tinha coisas para fazer (é sempre assim ), mas tive mais tempo para desfrutar e visitar algumas das muitas atrações.
Entre os lugares que visitei está o Templo de Lótus, uma Casa Bahá'í de culto, o design fascinante do edifício é inspirado na lótus, a bela flor símbolo de pureza.
Mas o que mais me surpreendeu foi o Akshardham, um complexo com templo hindu, uma mostra de hinduísmo e cultura indiana. O templo em si me deixou sem palavras pela sua beleza e incrível arquitetura. Construído com pedras cor de rosa e mármore branco, com milhares de figuras esculpidas, muitas delas sendo elefantes, tudo com um acabamento detalhado. A cada dois metros tinha que parar para contemplar tais obras de arte, frutos do trabalho de mais de sete mil artesãos. O complexo é enorme, com muito a ser visto, e com a sua mensagem sendo contada de uma forma muito sofisticada, através de filmes, espetáculos de luz e som com figuras robóticas, e um espetacular passeio de barco através de dez mil anos de cultura indiana. Sensacional!
Posso dizer com certeza que foi o lugar que mais me fascinou, não só aqui na Índia, mas desde o início desta viagem. A minha única reclamação foi quanto a não poder entrar com a minha câmera.
Desta vez eu não pedalei muito pela cidade, mas usei o metrô quase todos os dias. O sistema de metrô é algo novo em Delhi, tem apenas 10 anos, mas revolucionou o transporte público. Devido à ameaça terrorista, todas as estações em Nova Deli são fortemente protegidas, com os passageiros tendo que passar por detectores de metais e inspeção de bagagem em raio-X.
Na outra vez fiquei alguns dias em uma igreja e com uma família do CouchSurfing, pessoas muito bacanas que me ajudaram muito e que visitei novamente.Desta vez fiquei na casa de um pessoal gente boa também do CouchSurfing, que me hospedaram por uma semana. Eles também estavam hospedando outros viajantes do CouchSurfing de outros países. Entre festas e visitas que eles recebiam, tive contato com pessoas de onze nacionalidades diferentes.
O lugar era tão bacana que tinha que ter um nome, assim eu o batizei de "Casa Louca". Eles adoraram! Disseram que iriam fazer algumas lembrancinhas para dar aos seus convidados como lembrança da sua estadia na "Casa Louca". Para minha grande surpresa, no dia seguinte eles já tinham feito, e por ter dado nome a sua casa, para mim eles fizeram uma personalizada. Não tinha como não gostar daquele pessoal. Onde você encontra anfitriões como esses?
Agora já estou de volta à estrada a caminho de Kolkata, a terceira e última fase da minha passagem pela Índia. Já me sentindo em casa e ao mesmo tempo sempre surpreendido com as coisas que eu vejo todos os dias. Grande Índia!